quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

SenTiDo(r)


"Que canto há de cantar o que perdura?
Hilda Hilst


Qual é o sentido do sentido? Existe sentido em um ponto final, na exclamação, na interrogação ou ainda nas reticências? Sabemos, às vezes, como usá-las, mas elas não são previsíveis. Só podemos usá-las a partir do momento em que sabemos qual é a oração. Oremos!...Sem pensar em sentidos, pois não tê-lo pode ser a prova concreta de que se existe um. Pode ser a certeza de que ele não existe. Ou ainda, a incerteza do que sentimos. Escolho a minha pontuação de acordo com o que desejo criar, embora sempre o amor tenha me pontuado sem se quer escolhê-lo. Parece-me, depois de apurado pelo tempo, que construir sentidos é dar sentido a desconstrução, embora, essas determinações signifiquem trilhar o mesmo caminho. Há saída? Ela é sempre uma solução. O que farei? Não farei; caminharei. Algumas pré-determinações teimam em existir, como meus pés que foram feitos virados para frente. E você, que fazes aqui? Procurando algo, a você mesmo, ou a alguém? Há desejo? Permita que seus olhos vejam, que seu coração sinta, sua cabeça pense, suas mãos toquem e que seu volume cresça. Ou não. Coloque seus pontos, também é necessário fazer escolhas, que nem sempre significam estar de acordo com a moral. Aliás, que é a moral senão a criação do seu oposto? Mas observe que as escolhas não são escolhidas. Sentimo-las. E quando há consciência de que se escolheu, logo vem o tédio e a necessidade de novas escolhas. Quando sabemos o ponto que utilizaremos, perde-se o sentido, embora, na maioria das vezes, mantenha-se a coerência e a coesão. O que é necessário para que haja compreensão? Onde você aprendeu a ler, se tampouco consegues me entender? Tudo que eu sinto agora não escolhi. Mas o que me acontece é que não consigo viver longe dos seus braços. Eles me pontuam hoje. Cerro meus olhos e navego nos teus. Sinto os nossos dedos como a escrever um texto em comum, sem pontos, sem sentidos, coerência tampouco coesão. Quiçá escrevamos todos os dias, quiçá criemos todos os dias, sem ter que dar sentido ao que não tem...

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