segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Das minhas chuvas

“Sem você
Dei para falar a sós”.
Chico Buarque (Sem você 2)


Choveu em QuadradosLand, molhando o vento do oco-sopro do meu coração.  Liquens e musgos voltaram a brotar nos meus olhos. As árvores, sorrindo, balançam galhos na minha languidez . Os pássaros silenciaram profundamente em cantos, o frio. Chico não pára de se dizer novamente apaixonado. Passo a língua na borra do café frio para não esquecer o gosto amargo que a felicidade pode ter. Devoro chocolates. A minha alma tem gula e se confessa pecadora.  Estou em qualquer lugar onde não estou. Tenho ausência. Não sei de quê. Talvez de mim. A chuva voltou, fazendo-me úmido qual mulher feliz. Tenho desejo de revolução. No meu nada.


R.B.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Meus Exercícios de Manoelês I


Palavras
Gosto de brincar com elas.
Tenho preguiça de ser sério.
Manoel de Barros

As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis:
Elas desejam ser olhadas de azul.
- Que nem uma criança que olha você de ave.
                                                                                     Manoel de Barros

O escuro me abraçou.
Vi poesia.

****
Só a luz apaga o homem.

****
Enquanto lia Manoel de Barros
lavei roupa suja.

****
Amor morre de repetitite.

****
O telefone roubou meu pensamento.

****
Entre quatro paredes
Transo o tempo.
As palavras
Me gozam.

****
A palavra é desonesta.

****
Poesia
rima com
orgia.
Vadia.

****
As estrelas dormem em Lola.

****
Ser é verbo que não existe.

****
Sou Homo.
Multiação.
****
As palavras enxergam dia.
Mas sonham noite.

****
O nome do meu ventilador era Alívio.
Por acaso, irmão de Olívio.
Usei os dois.

****
Minha ausência não passa de entrega.

****
Quando não estou
não saí daqui.

****
O mundo é uma pintura a olhos.

****
O silêncio come pensamentos.

****
O mundo mora em Waireless.

****
A cachaça me enso(m)bria.

****
Na minha Certidão só tem letras.

****
Gênero não se define.
Sexo se pratica.

****
Copio e Colo tudo que invento.

                                                                                                    
                                                             Rodrigo Garcia Braz 
                                                           22/08/2011

quarta-feira, 30 de março de 2011

De quando meu Hoje foi Teu






Hoje, sem culpa e todas as vezes em que for hoje,

Eu seguiria o teu sorriso;
Afundaria o meu nariz em tua boca;
Percorreria os espaços entre os teus dentes;
Brincaria de escorregar na tua garganta;
Gemeria aos afagos da tua língua.


Correria entre os pêlos da tua barba;
Dançaria um bolero no vazio dos teus olhos;
Navegaria no teu suor,
Deslizando-te a cada suspiro.


Leria contos de prazer e perdição;
Tragaria tua loucura;
Beberia o álcool do teu hálito;
Beijaria toda a lascívia dos teus gestos;
E foderia todo o seu desejo.


Num:
Caminho de qualquer fim
De recomeço em cada sorriso.

De algo que só perece
Na ausência de tua saliva.


E que delira
No futuro do pretérito
De um fim de tarde de...
Café, Chico e Chocolate.



R. Braz
30-3-2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sobre como administrar um Aquário



Languidez. A língua repousada encosta “vezemquando” no céu da boca buscando o gosto do café amargo. Verto doses de tédio. Os olhos tentam fechar. Não acredito no que ouço, tampouco no que sinto. São apenas sen_sa_ções, como num museu. As estórias se repetem, em mim. Estou velho: descobri que amor é como gerenciar uma empresa. Acabou a poesia (ponto). Não é verdade. Vou até o limite, das recordações. A poesia foi o que me restou, a única musa inspiradora, onde encontro a dor que preciso. Só acredito nos seus personagens. Quando bate o cansaço, abro o laptop, viajo na World Wide Web, sem passaporte, e gozo meus fragmentos de solidão no pequeno aquário. O bravo peixinho Betta engole tudo com muita excitação. Quando os bolhinhas do arroto chegam à atmosfera, distraio-me lendo o jornal “Mundo Econômico”. O pontilhado azul do gráfico me recorda os olhos dele. Não entendo nada disso. Fecho o jornal. É preciso gerenciar. Essa estória não está bem cotada. Coisa de alto risco: câmbio volátil. Gosto de brincar comigo (mesmo), só para provar que agora sou Homem: aprendi a administrar a minha vida. Muita experiência na área.(?) Não, não!
O medo suficiente para me enganar o necessário. 

Rodrigo Braz

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ensaio sobre o Pós




Pós-afeto

                      Pós- linguagem
                 
                                                    Ante-Ovazio.

A estrutura do Nada:

                                O pastiche esquizofrênico
                                O Caleidoscópio de Imagens
                                O Fetichismo da Estética
                                A morte do autor
                                A impossibilidade do futuro
        
                                       Em Múltiplos

                                       Sem Resultado.


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Dos Ardores N(S)oturnos - II

Traguei o vinho
                           como se fosse
                                                     toda dor
                                                                       dos amantes abandonados.
Liguei o rádio.
Bethânia cantava
sem pudor:

"Perdi-me do nome,
Hoje podes chamar-me de tua,
Dancei em palácios,
Hoje danço na rua.
Vesti-me de sonhos,
Hoje visto as bermas da estrada,
De que serve voltar
Quando se volta para o nada.

[...]
E a distância até ao fundo é tão pequena,
No fundo, é tão pequena,
A queda.
E o amor é tão longe*”.

                                                
                              E o amor é tão longe...
                                                            porque de tão perto
                                                                                      a gente sempre passa.
                                                                                                       *
                                                                                                       *
                                                                                                       *
                                                                                            E morre na faixa.


* Música de Pedro Abrunhosa.
 

sábado, 15 de janeiro de 2011

Silêncio & Sabedoria



Para os que padecem de "apaixonismo".


Hoje (que é sempre madrugada),

Quando os meus faróis molhados cruzaram a
L4 norte,
Desejei        
                  
                   SER


         Silêncio.

Onde vive toda sabedoria.




Tremi
quando,
em breve alucinação,
vi
no espaço das entre-gotas
as paixões, todas,

                                     Sublimadas.


26 anos. E.
Quanto tempo
                   leva para

SER
TODO
        
         silêncio,
se
a busca
por sabedoria
é
Eterna?



Hoje (enquanto for madrugada),
Quero
Os meus OuvidOs e OlhOs
                                              
Bem ABERTOS.

O silêncio
Não está, senão,
                   
                   Nas entre-visões
E
                  
Nos entre-versos.

.
.
.
PS.:

O MEU silêncio
não se pretende


o SEU.



RB

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Desejo, Caos & Solidão

"Aquella noche corrí el mejor de los caminos,
montado en potra de nácar
sin bridas e sin estribos"
F. García Lorca


Para ler ao som de “Esse cara”,
na voz de Cazuza:



Aqui nesse quadrado deserto
Só solidão
Nada de açúcar
Muito menos afeto.

Sede e desejo me matam aos poucos
Visão distorcida
As nuvens dançam no meu chão.
O coração vagueia louco.

Percursos distorcidos
Pensamentos ressacados
Fito você
Dançando um bolero
Com os pés atados.

Uma eternidade.
No descolamento de cada segundo,
Caminhamos submersos.
Nós dois, um só eu-lírico,
sem materialidade.

Caos e paixão
Num silêncio ensurdecedor
Grito paus_a_d_a_m_e_n_t_e
Tentando sublimar da mente
Esse imenso a_r_d_o_r.


Rodrigo Braz



domingo, 2 de janeiro de 2011

Re-cesso

Não me cobre.
Não me espere.

Sou escravo da minha liberdade.

Com ela
Posso criar
O que me
Cerca.
.
.
.
.