quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sobre como administrar um Aquário



Languidez. A língua repousada encosta “vezemquando” no céu da boca buscando o gosto do café amargo. Verto doses de tédio. Os olhos tentam fechar. Não acredito no que ouço, tampouco no que sinto. São apenas sen_sa_ções, como num museu. As estórias se repetem, em mim. Estou velho: descobri que amor é como gerenciar uma empresa. Acabou a poesia (ponto). Não é verdade. Vou até o limite, das recordações. A poesia foi o que me restou, a única musa inspiradora, onde encontro a dor que preciso. Só acredito nos seus personagens. Quando bate o cansaço, abro o laptop, viajo na World Wide Web, sem passaporte, e gozo meus fragmentos de solidão no pequeno aquário. O bravo peixinho Betta engole tudo com muita excitação. Quando os bolhinhas do arroto chegam à atmosfera, distraio-me lendo o jornal “Mundo Econômico”. O pontilhado azul do gráfico me recorda os olhos dele. Não entendo nada disso. Fecho o jornal. É preciso gerenciar. Essa estória não está bem cotada. Coisa de alto risco: câmbio volátil. Gosto de brincar comigo (mesmo), só para provar que agora sou Homem: aprendi a administrar a minha vida. Muita experiência na área.(?) Não, não!
O medo suficiente para me enganar o necessário. 

Rodrigo Braz

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